sábado, 16 de julho de 2011

Comece pelas entrelinhas

Se é mesmo importante que eu responda as perguntas que tanto desprezo, se definir o que sou vai te fazer mais feliz, se quer mesmo saber de mim, comece pelas entrelinhas. Pelo não dito. Pelo movimento dos cílios e as pupilas dilatadas, os olhos nervosos que não se fixam, o modo de apoiar o peso do corpo em uma das pernas e me preocupar com o cabelo. Olhe para as mãos que não sabem repousar e a voz que desafina. Por favor, sou tão ridiculamente fácil de decifrar e ainda insistem em seguir pelo caminho errado. Exponho-me tanto e ainda querem uma cartilha.
E fazem isso porque amam de relance, querem no momento e só por desafio. Porque têm preguiça ou medo de cumplicidade e acreditam perder a noite se optarem por se apaixonar pelo próprio ego. Porque perdem oportunidades de se calarem quando é papel dos olhos falar.
É por isso que eu estou sozinha nesse mundo de luzes e pessoas. É por isso que eu saio de casa e minha roupa não precisa agradar ninguém além de mim. Porque não deixo o calor da minha rotina pra ser prenda em vitrine.



O que eu sou não lhe diz respeito, em parte nenhuma lhe toca. Mas se quiser mesmo saber de mim, experimente não me perguntar. E talvez assim desperte a minha vontade de falar.

Em constante transformação.

Eu poderia falar mil coisas ao meu respeito... que me tornassem mais atraente, mais inteligente, mais surpreendente...
Eu poderia dizer que sou a amiga de todas as horas, que choro sozinha sem motivo algum ou que mesmo em volta dos meus vinte e poucos anos, as vezes me comporto como uma menina...
Eu poderia dizer que acredito no amor e que suspiro quando vejo um bom filme...
Eu poderia continuar escrevendo por horas e horas sobre mim...
Mas acredito que, pra cada pessoa que entra na nossa vida, não só mostramos um lado novo, como também assimilamos para nossa personalidade aquilo que nos agrada... 

Sendo assim, essa sou eu, mantendo a essência, mas em constante transformação.