sexta-feira, 20 de março de 2015

FIM

Acabou, menina. Acabou e só tu não percebeste. Ele não te arranca mais sorrisos da boca e teus olhos estão tristes. Acabou desde o dia em que tu calaste as tuas convicções sobre o amor e deixou que as razões e bobagens dele guiassem o teu coração. Eu sei da tua luta, menina. Eu ouvi teus choros, gritos e brigas. Mas no dia em que tu cansaste e preferiste o silêncio, acabou.
Acabou desde o fim do outono, menina. Foi quando ele ficou surdo para os teus pequenos pedidos de afeto e só restou frieza. Acabou quando teus pensamentos começaram a viajar por outros mundos. Não dizem que a gente costuma sonhar com as coisas que acalentam a presença da ausência? Olha bem para isto, minha menina. Não consigo enxergar um pedaço teu nesta relação. O amor tem que ter o jeito torto dos dois. Naquela noite de angústia em que só tu cedeste, acabou.
Acabou porque tu deixaste de fazer questão da presença e dos presentes. O colo e as palavras dele perderam o gosto, menina. A sorte é que teu riso é fácil e qualquer abraço consegue afastar tuas lágrimas. Lembro do dia em que tu chegaste, com todas as borboletinhas no estômago, falando que ele era o teu herói. Aquele brilho de fazer inveja ao próprio sol não existe mais. Quando tudo se apagou, acabou.
Acabou junto com a tua vontade de mandar cartas. A verdade é que ele nunca foi tocado com tuas pequenas loucuras de amor e, talvez por isso, tenha se esquecido de demonstrar.  O problema, menina, é que tu o deixaste pensar que sempre estaria disponível. Não existe mais atenção e cuidado. No momento em que tu começaste a falar do tempo ao invés de gastar tua doçura para quebrar aquela estupidez, acabou.
Acabou, menina. Mesmo que teu coração ainda pulse por ele, acabou. Mesmo que toda a tua pele ainda chame pelo corpo dele, acabou.
Acabou. E quando tu perceberes isto, cedo ou tarde, eu não ficarei preocupado. O teu riso é fácil e tu irás reencontrá-lo no primeiro abraço. E dele, não mais tu quererás saber.